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Conheça a startup que transforma resíduos de alumínio: Recycle 13

06/05/2022

Utilizando alumínio como matéria prima, empresa produz policloreto de alumínio e gás hidrogênio.

O Brasil é um dos países líderes na reciclagem e produção de alumínio. Só em 2020, a indústria brasileira de alumínio faturou cerca de R$ 17,1 bilhões, com um consumo per capita de 6,7 kg/hab/ano, segundo a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL). A produção de transformados de alumínio se divide em vários segmentos, dos quais o setor de embalagens é o maior do país e apresenta um grande crescimento, cerca de 5,2% ao ano.

Gráfico sobre produção de alumínio através da reciclagem

O país recicla quase 98%  das latas de alumínio, sendo líder mundial na reciclagem deste segmento. Alguns resíduos de alumínio, no entanto, ainda não atendem completamente a economia circular devido a certos entraves no processo de reciclagem.

Um exemplo disso são as embalagens descartáveis de alimentos, que ficam impregnadas com restos de matéria orgânica e apresentam um desafio para serem recicladas.

Pedaços de alumínio proveniente de marmitex

Assim, o Recycle13 entra no mercado de reciclagem de alumínio como uma nova oportunidade para o reaproveitamento de resíduos, que têm o processo de reciclagem difícil, diminuindo o acúmulo destes materiais em aterros, onde demoram entre 200 a 500 anos para se decompor.

A tecnologia está em um nível de maturidade tecnológica 4 (TRL), e já foram realizados os seguintes passos:

  • Desenvolvimento laboratorial de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para resíduos de alumínio de latas e embalagens de marmitex;
  • Caracterização dos produtos;
  • Desenvolvimento de um projeto executivo para uma planta piloto inicial, na qual será realizado o escalonamento da tecnologia.

O Recycle13 realiza um processo para o reaproveitamento de resíduos de alumínio, transformando-os em Policloreto de Alumínio (PAC) e gás hidrogênio, através de uma síntese entre o alumínio sólido e um solvente ácido.

Os produtos da reação são de alto valor agregado em seus mercados, sendo o PAC um coagulante que é usado extensivamente para tratamento de água e efluentes, e o gás hidrogênio, dentre suas possíveis aplicações, pode ser usado como combustível.

Etapas da reação de síntese de alumínio sólido e solvente ácido.

O PAC é considerado um coagulante superior a outros coagulantes que também são muito utilizados, como o sulfato de alumínio, funcionando em uma ampla gama de pH e temperaturas da água a ser tratada. Além disso, é necessária uma menor quantidade desse coagulante para se atingir os efeitos necessários, quando comparado a outros coagulantes. Outra vantagem, é o PAC gerar uma menor quantidade de resíduos químicos na água tratada, como cloretos e sulfatos metálicos.

O gás hidrogênio, também chamado de hidrogênio verde, é a grande aposta mundial para o futuro da matriz energética verde, já que sua queima produz apenas vapor de água, diferente dos atuais combustíveis, que emitem gases nocivos ao meio ambiente. Especialmente com o Acordo de Paris, que prevê a descarbonização da economia mundial até 2050, o investimento em tecnologias de produção e aplicação do hidrogênio verde em setores energéticos é essencial para a diminuição, e eventual extinção, de emissões de carbono, com projeções de movimentar cerca de US$ 20 bilhões até 2040 no mercado brasileiro. Em 2019, mundialmente, esse mercado já era estimado em US$ 136 bilhões, mas suas maiores aplicações eram em áreas como a indústria alimentícia e de produção de derivados de petróleo. Mas com a inserção do gás hidrogênio no ramo energético, seu mercado mundial tem projeção de crescimento, com valores que podem chegar em até US$ 200 bilhões.

Abastecimento utilizando gás hidrogênio como combustível

O Recycle13 é uma startup de processo simples, baixo custo e sem a produção de resíduos tóxicos, retornando ao ecossistema dois produtos eficazes a partir de resíduos produzidos constantemente, assim, atingindo diversos mercados, seja no ramo de embalagens ou até no mercado energético. 

O projeto trabalha diretamente com inovação e viabiliza um processo socioambiental, contribuindo desde aos catadores ao meio ambiente, assim, solucionando 7 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU

Logo da Recycle 13

A tecnologia está atualmente em estágio de escalonamento, onde será construída uma planta piloto, que já está projetada. Assim, será possível realizar testes da síntese em uma escala maior, além de realização de provas de conceito. 

“Foi meu primeiro projeto de Iniciação Científica na vida, já era um

projeto que tinha uma parceria fora da universidade, e foi isso que

me atraiu muito e me fez querer participar. Por estar no primeiro

período da graduação, ainda não tinha clareza das dificuldades da

universidade de interagir com o mercado e com a sociedade de uma

forma geral. O projeto do Recycle me deu motivação inicial na

universidade e me ajudou a entender quais eram os entraves e

dificuldades de olhar para um projeto real e querer implementar uma

unidade de processamento. Nesse caso, esbarrando em questões

de escalonamento, relacionamento com os parceiros, que são

fundamentais na hora de se implementar uma inovação.”

Maria Duarte – Gestora de Negócios do Escalab

O Recycle13 recentemente ganhou aporte financeiro do programa Catalisa ICT, do SEBRAE, com o qual será possível fazer a construção da planta e continuar desenvolvendo a startup.

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