Blog Escalab

O P&D além do laboratório

Escrito por Henrique Nogueira

14/12/2021

Saiba como esse setor pode ser essencial para reduzir gastos na sua empresa

Muitas vezes quando nos referimos a projetos de pesquisa e desenvolvimento (O famoso P&D) nos vem à cabeça o desenvolvimento das etapas laboratoriais. É aquela imagem clássica de um cientista dentro de um laboratório fazendo experimentos e mais experimentos como essa ao lado…

Mas o que faz um departamento de P&D em uma organização além disso?

Quando um cliente, empresa ou organização demanda algum projeto de P&D deve ser feita uma análise crítica sobre o nível de maturidade dele para entender as demandas relacionadas. A partir daí, com uma tomada de decisão, podemos dar início ao projeto. 

Aqui iremos supor que um cliente aparece com uma ideia de um produto X, inédito no mercado e que foi apenas idealizado. É aí que nos deparamos com esse P da sigla: a pesquisa.

Como criar um novo produto?

A partir da pesquisa básica, inicia-se um mapeamento na literatura de produtos com utilidades semelhantes. Depois, partimos para um estudo um pouco mais aprofundado sobre outras características desejadas, consultas em bancos acadêmicos e de patentes nacionais e/ou internacionais e estudos de produtos semelhantes disponíveis no mercado.

O mapeamento na literatura permite maior compreensão do projeto, processos de obtenção de produtos similares, quais as demandas de mão de obra qualificada, quais os insumos podem ser utilizados e nos dá uma breve noção de investimentos e de mercado. O objetivo é encontrar um material de apoio que terá função de guiar as etapas posteriores.

De posse desse material, que chamamos de mapeamento tecnológico, é possível iniciar a projeção de rotas a serem seguidas a fim de determinar a viabilidade técnica do processo. Neste momento, o projeto que antes era apenas conceitual, esbarra num outro estágio de produtos: quando um cliente já tem uma rota bem definida para o produto mas tem interesse em alterar esta rota para uma que gere menos gastos, mais rendimentos, etc.

Para o primeiro caso dizemos que temos uma avaliação de rota tecnológica. Já no segundo, chamamos de avaliação de rota tecnológica alternativa. Ambas visam o mesmo resultado, a diferença de nome se dá apenas pelo grau de maturidade do projeto.

Ok, mas como avaliar essas rotas tecnológicas?

Para uma avaliação mais crítica das rotas disponíveis, usamos uma ferramenta chamada Matriz Comparativa. A matriz deve expressar dois parâmetros que desejamos observar de maneira correlacionada e, assim, poderemos comparar com critérios bem definidos em termos de importância e influência na execução do projeto.

Na imagem abaixo, por exemplo, temos duas rotas diferentes para obtenção do mesmo produto e queremos saber qual delas seria melhor aplicada.

Diferentes rotas de obtenção para um mesmo produto final fictício
Exemplo de matriz comparativa de aplicações de um mesmo produto em função do tamanho de mercado e valor agregado do produto. Os parâmetros são avaliados pelas cores

De posse desses dados definimos quais os parâmetros de interesse devem ser avaliados para iniciar a comparação pelo uso da matriz. 

Determinados os parâmetros qualitativos de interesse, a construção de uma tabela de valores é o próximo passo, onde parâmetros quantitativos são estabelecidos. Ao lado está um exemplo de parâmetro quantitativo determinado.

Para esse produto fictício foram separadas as duas rotas, destacando cada etapa do processo e, para cada uma delas, foram estabelecidos os valores de pertinência.

Além dos valores de pertinência, as cores verde, amarela e vermelha foram utilizadas para indicar o quão perigosa é cada etapa. O tamanho de cada quadrado também é um indicativo: quão maior for o quadrado mais caro é o processo. Montando a matriz comparativa temos o seguinte resultado:

Agora é fácil encontrar a melhor rota

Avaliando a matriz acima, é possível observar que, apesar da Rota B apresentar menos etapas, elas se mostram mais perigosas, relativamente mais difíceis de serem executadas e todas têm alto nível de importância. Portanto, nenhuma delas pode ser descartada como ocorre com a etapa 3 da Rota A. Além disso, temos um processo oneroso na etapa 1.

Assim, a opção pela Rota A é mais vantajosa para prosseguir com os estudos em etapa laboratorial. Aí sim entramos no que chamamos de P&D direcionado e exploramos todos os fatores possíveis para desenvolvimento de novos produtos ou melhoria de produtos já existentes. 

Ou seja, P&D é necessário para diminuir riscos, gastos e tempo e muito mais amplo do que muitas pessoas pensam. O P&D vai além do laboratório!

Nos acompanhe nas redes sociais!

Escrito por Henrique Nogueira

Técnico em química pelo CEFET – MG e em Meio Ambiente pela CECON. Bacharel em Química Tecnológica com ênfase em Química Industrial pela UFMG com Período de sanduíche na University of Bradford - UK. Mestrando em Química Analítica aplicando uma tecnologia para conversão de Óleos e Gorduras Residuais em Biodiesel junto à BChem Solutions. Henrique exerce o cargo de Gerente de PD&I no Escalab.

0 Comments

Submit a Comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *

Talvez também te interesse...

Conheça nossa metodologia:

  • Guia prático de escalonamento de tecnologias:
  • Tópicos de EVTE
  • NDA Padrão