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Os desafios na conexão entre professores da educação básica e a pesquisa realizada no ensino superior.

Escrito por Jorge Filipe

16/04/2024

Escalab apoia o I PEQUI: um evento organizado pelo INCT Midas que fomentou o protagonismo dos professores da educação básica.

No mundo da educação, o constante desenvolvimento de pesquisas e estudos é fundamental para promover avanços e melhorias no ensino. No entanto, muitas vezes, há uma desconexão significativa entre a pesquisa acadêmica conduzida nas universidades e a realidade enfrentada pelos educadores do ensino básico. Este fenômeno não apenas cria desafios para os professores em sala de aula, mas também compromete o potencial impacto positivo das descobertas acadêmicas no ambiente escolar.

Professores do ensino básico se deparam diariamente com uma série de desafios que vão além do ensino em si. Lidar com diversidade de aprendizado, restrições orçamentárias, infraestrutura inadequada e demandas sociais é apenas uma parte do que enfrentam. O distanciamento entre a pesquisa e a prática é particularmente evidente quando se trata da implementação de novas metodologias de ensino, tecnologias educacionais e abordagens pedagógicas. Muitas vezes, as soluções propostas pela academia são pensadas em um contexto ideal, sem considerar os desafios do mundo real das salas de aula. Isso pode resultar em estratégias ineficazes ou impraticáveis quando aplicadas no dia a dia dos educadores do ensino básico.

“Se tivesse uma conexão maior entre a educação básica e a educação superior as coisas seriam mais efetivas e as propostas chegariam de forma mais possível de ser aplicada. “, começa a mineira Thaís Alves, professora de química nas escolas estaduais Caminho à Luz e Estevão Pinto em Belo Horizonte. “O professor é formado na universidade, onde ele estuda tudo de lindo que tem na literatura, mas quando ele chega na sala de aula, a prática não casa com o que foi aprendido. Não digo de todos os conteúdos, porque alguns realmente são factíveis, mas tem outros que não levam em consideração a realidade que o professor está inserido e cada vez mais essa realidade se modifica” completa a professora.

O professor da faculdade de educação da UFMG, Fernando César, afirma que a solução para esse desafio está na dimensão coletiva da docência. “Eu acredito muito nessa dimensão coletiva da docência entre os professores que estão na universidade, professores que estão atuando na educação básica e também com os estudantes que estão em formação. A aproximação, trocas de experiências e discussões realizadas, permitem colocar em contato os diferentes contextos e como que a didática pode ser construída coletivamente”.

Foi pensando nisso que os professores Márlon Soares e Nyuara Mesquita idealizaram o I PEQUI – Professor Protagonista do Ensino de Química, um evento que reúne professores de química do ensino básico do estado de Goiás para apresentarem suas metodologias de ensino, abordagens pedagógicas e dificuldades diárias tanto para seus pares, quanto para pesquisadores da academia. 

Sobre o I PEQUI

Nesse contexto, aconteceu nos dias 05 e 06 de abril na Universidade Federal de Goiás (UFG), o I PEQUI. Organizado pelo INCT Midas, apoiado pelo Escalab e pela Sociedade Brasileira de Química (SBQ).

Professores participantes e organizadores no encerramento do I PEQUI

Além de fomentar a conexão entre professores do ensino básico e pesquisadores do ensino superior, o evento trouxe novas abordagens pedagógicas utilizando kits de jogos e atividades desenvolvidas pelo professor do Colégio Técnico da UFMG e integrante do INCT Midas Alfredo Mateus. Através de oficina, os professores participantes do evento receberam os materiais e metodologia para aplicarem os kits em suas turmas. Focados no ensino médio, esses jogos e atividades abordam temas desde indicadores ácido-base e equilíbrio químico até fenômenos de refração/difração da luz.

Além da oficina conduzida pelo professor Alfredo, houve no evento outra oficina conduzida pelo 1000 Futuros Cientistas. O projeto de extensão da UFMG, aportado pelo Escalab, trouxe kits didáticos que ensinam tecnologias focadas em sustentabilidade desenvolvidas na universidade, pelo Departamento de Química da UFMG e Escalab. Além da abordagem química, o 1000 Futuros Cientistas traz em sua missão o impacto social de mostrar aos jovens alunos que a universidade pública é um lugar acessível e de direito para eles. 

Professores do ensino básico participando da oficina com materiais do X -Ciência.
Oficina do 1000 Futuros Cientistas para professores do ensino básico.

Eu vejo a importância para nós que estamos realmente no chão da escola que nem sempre temos essa oportunidade ou o tempo hábil de retornar para a universidade” fala Pollyana Pinto, professora de química da Escola Estadual e Centro de Ensino em Período Integral Irmã Gabriela em Goiânia – Goiás. “Esse tipo de evento enriquece muito a nossa abordagem do cotidiano e motiva. Saio daqui com vontade de trabalhar. Quero chegar na segunda feira e já transformar a vida do estudante ali, porque a gente sabe que uma coisinha que a gente levar desse evento para sala de aula, vai transformar nossa aula e vai transformar nosso aluno” completa a professora.

Ao final do evento, cada professor presente recebeu um Kit Qui+S contendo materiais e metodologias didáticas e foram sorteados 4 Kits com atividades e metodologias do 1000 Futuros Cientistas para os professores presentes. Os Kits Qui+S fazem parte do Curso “Química Sustentável no Ensino Médio: Ampliando horizontes educacionais”, uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Química, Conselho Federal de Química e INCT Midas.

Wladmir Teodoro, integrante do 1000 Futuros Cientistas, entregando Kit 1000FC para professor do ensino básico.
Márlon Soares, organizador do evento e integrante do INCT Midas entregando Kit Qui+S para professora do ensino básico.

Inauguração da Rede QuiMi_Conecta

Percebendo a dificuldade de integração entre professores do ensino básico e do ensino superior, alguns professores do INCT Midas pensaram em estratégias para empoderar o professor do ensino básico e conectar as necessidades dos professores à pesquisa acadêmica sendo desenvolvida. Paralelo a execução do evento, professores representantes do INCT Midas, 1000 Futuros Cientistas, ProfQui, Ciência na Web, X-Ciência, Lequal e Qui+S se reuniram nos dias 05 (sexta-feira) e 07 (domingo) de abril para formatar uma rede focada em estratégias e recursos didáticos para professores protagonistas da educação básica. 

Nasce assim a Rede QuiMi_Conecta, que tem como missão: “despertar protagonismo em professores de química da educação básica por meio da construção coletiva de estratégias e recursos didáticos para inspirar estudantes e impactar o mundo”. A rede espera ser referência nacional, até 2030, no desenvolvimento de estratégias e recursos didáticos de química para a educação básica. 

Ao juntar as forças de cada organização integrante, a rede já começa com algumas estratégias em desenvolvimento e portfólio de recursos didáticos criados com e para professores de ensino básico. Outra iniciativa é a confirmação do II PEQUI organizado pelo Lequal, em parceria com a QuiMi_Conecta, além de outros eventos.

“A criação da rede é muito importante, porque é um marco para educação básica no Brasil, principalmente no ensino de química, pensando no alcance de professores que não necessariamente estão numa capital, próximo as universidades ou aos institutos. Assim, professores que não teriam condição de acessar esse material, podem ser contemplados e incluídos na discussão”.

Nyuara Mesquita – Professora do Instituto de Química da área de Ensino de Química na UFG e integrante do INCT Midas.
Integrantes da Rede QuiMi_Conecta, fundada ao final do evento, no dia 07 de abril de 2024

Fique conectado no nosso site e em nossas redes, pois em breve traremos mais informações sobre essa iniciativa!

Escrito por Jorge Filipe

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