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Projeto Bchem: a estrada para transformar óleo residual em biodiesel

Escrito por Jorge Filipe

31/08/2021

No mês do dia internacional do Biodiesel, entenda como a parceria com a Bchem Solutions representa  uma forma de produzir combustível mais sustentável

Um dos problemas causados pela produção intensiva em grandes centros urbanos é o descarte de resíduos. Quando realizado de forma inadequada, há graves impactos negativos no meio ambiente e na população. Um dos resíduos gerados pela indústria alimentícia são os Óleos e Gorduras Residuais, conhecidos como OGRs. Esses óleos são provenientes de frituras de restaurantes, lanchonetes, bistrôs ou redes de fast food

Exemplo de OGR, usado para fritura de frango

Quando descartados em pias e esgotos, os OGRs podem causar o entupimento de caixas de gordura e tubulações. Para desentupir esses sistemas são necessários produtos químicos tóxicos. Se descartado diretamente em aterros sanitários ou lixões, esse resíduo se decompõe liberando gás metano, considerado um gás estufa que intensifica o aquecimento global. Outro problema acarretado por esse tipo de descarte é a penetração dos óleos no lençol freático, contaminando solos e águas.

Por fim, quando os OGRs são descartados na rede pluvial, ocorre a formação de uma fina camada oleosa na superfície da água, dificultando a entrada de luz – essencial para realização da fotossíntese –, e a troca de gases entre a água e a atmosfera – vital para a respiração –. Isso causa a morte de plantas, peixes e microrganismos.

Quais as legislações sobre isso?

Tendo em vista os malefícios do descarte inadequado dos OGRs, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) elaborou uma lista de recomendações chamada de “Boas Práticas de Fabricação” que limitam substâncias, sendo elas:

  • Ácidos graxos livres com teor máximo de 0,9%;
  • Compostos polares com teor máximo de 25%;
  • Ácido limonênico, presente em frituras, não deve ultrapassar o limite de 2%.

É válido ressaltar que essas recomendações não são obrigatórias e, portanto, não há legislação que as assegure. Isso gera OGRs das mais variadas composições.

Em redes de fast food é comum que haja a contratação de uma empresa terceirizada para realizar a coleta e descarte adequado desses óleos residuais. Essas empresas muitas vezes revendem esses OGRs como matéria-prima para outros processos, como produção de sabão, biodiesel, entre outros. Para a produção de biodiesel, os óleos residuais devem estar dentro dos limites estabelecidos pela Anvisa, pois a presença de ácidos inviabiliza a produção direta. 

É nesse contexto que nasce a parceria com a Bchem Solutions! O objetivo é alcançar uma produção mais eficiente de biodiesel, utilizando metodologia própria para realizar a neutralização dos ácidos presentes nos OGRs. Assim, é possível o uso de óleos residuais independente do seu teor ácido.

“A gente consegue utilizar óleos e gorduras residuais que é um produto que não costuma ter muita utilidade e aplicabilidade para transformar ele em um novo produto com alto valor agregado. Se você descarta 1 litro de óleo em rede doméstica, por exemplo, você pode contaminar até 25 mil litros de água.

Então, através desse projeto, a gente visa tentar estimular consumidores, empresas e industrias a recolherem os próprios OGRs para poder fazer esse trabalho voltado pra produção de biodiesel.”

Henrique Martins Nogueira – Gerente de PD&I no Escalab

Mas como funciona a reação que transforma OGR’s em biodiesel?

Reação química envolvida na produção de Biodiesel – agitação e temperatura constantes

O Escalab possui metodologia própria, para resolver o problema da acidez dos óleos e gorduras residuais, e dispõe de uma usina didática, que realiza a reação de conversão dos óleos em biodiesel. Produzidas pela Bchem Solutions, as usinas podem ser moduladas para produzir até 30 mil litros por mês. No nosso espaço contamos com uma usina didática que, além de ser toda automatizada, é operada por um painel de controle para garantir maior eficiência reacional. Ela é capaz de produzir cerca de 800 litros por mês.

Usina didática da Bchem Solutions

A primeira etapa do processo é a neutralização da acidez. Depois os OGRs são levados ao reator da usina onde há a liberação dos insumos sob temperatura controlada e agitação constante. Após uma hora de reação, a substância resultante é enviada a um tanque de destilação para remoção inicial de subprodutos. O substrato é então levado a um decantador para separar o biodiesel da glicerina formada na reação.

O biodiesel separado passa, assim, por uma resina de troca iônica para purificação final. Ocorre a remoção de metanol, ésteres e glicerina, garantindo a pureza do material.

Esquema representativo do processo de produção de biodiesel
Biodiesel puro obtido ao final do processo

Essa reação de conversão possui alta performance! Com 1 litro de OGR produz-se 1 litro de biodiesel. Assim, a usina didática utilizada no Escalab tem capacidade de produzir 5 litros de biodiesel por batelada.

Nessa metodologia a etapa limitante é a decantação final que demanda até 24 horas para uma separação efetiva e um biodiesel puro. A glicerina produzida está sendo armazenada para futuros estudos e aplicações.

O que vem por aí nesse projeto?

Atualmente, a equipe Escalab está trabalhando no escalonamento da tecnologia, ou seja, com o objetivo de aumentar a produção da escala da usina didática para plantas industriais. Estamos nos preparando para a realização da prova de conceito no próximo mês e, ao escalonar a produção, passaremos de 50 litros por mês, para 1.000 litros por mês.

Em breve vamos contar sobre nossos parceiros nesse projeto e outras informações sobre a prova de conceito. Fique ligado!

Nos acompanhe nas redes sociais!

Escrito por Jorge Filipe

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